PL7885_DESENHOS DE MOURA GIRÃO E RODRIGUES VIEIRA NA CERVEJARIA LEÃO

DESENHOS DE MOURA GIRÃO E RODRIGUES VEIRA FEITOS NA CERVEJARIA LEÃO - 1878

A existência destas duas obras deve-se provavelmente à seguinte explicação de Ribeiro Cristino (CRISTINO, 1923: 32):

(...) os veios do mármore das mesas serviam de motivo para fantasia dos desenhos, que o nosso Manuel ["Fidalgo" de Vasconcelos, o criado da cervejaria] pacientemente fazia desaparecer com lavagens ao outro dia, a ponto que o Alberto de Oliveira prevenia-se com pequenos pedaços de papel em branco, que distribuia pelos artistas, para desenharem e não se perderem 'traços de génio', dizia ele ironicamente; e assim bincando, organizou uma colecção de variados e curiosos esboços (...)

(NB: no original, Cristino grafa "Pedro de Oliveira", e não "Alberto de Oliveira". É por certo engano.)

Veja-se ainda o que Diogo de Macedo escreveu em 1944, referindo-se às obras publicadas na Crónica Ilustrada (1882), a revista "oficial" do Grupo do Leão, editada por Alberto de Oliveira (MACEDO, 1944: 237):

Num álbum que pertencera a Alberto de Oliveira, carinhosamente conservado em mãos familiares, muitos desenhos daqueles artistas se juntaram com destino à Crónica Ilustrada

É ainda de notar um texto do jornalista Manuel L. Rodrigues (1909-?) sobre José Malhoa que, a certo passo, narrou o seguinte, embora sejam evidentes as imprecisões (chama "Manuel Afonso" a Manuel de Vasconcelos, o criado), por certo resultantes de ter obtido a história em terceira mão (RODRIGUES, 1933: 7):

Aí [no Restaurante Leão de Ouro] se entretinham a conversar, enchendo de desenhos a pedra das mesas. É conhecida a história do criado Manuel Afonso que se lembrou certo dia de fornecer papel aos seus clientes para que todos esses esboços e apontamentos não se perdessem. Conseguiu assim reunir uma preciosa colecção que poderia fornecer subsídios importantes para a história desses artistas e da sua época. Infelizmente, com a morte de Manuel Afonso a colecção veio a perder-se, destruída talvez por mãos ignaras, inconscientes do seu valor.

1878